quarta-feira, 21 de novembro de 2007

“Tema o julgamento de Deus, não o dos homens” (Pe. Pio)

Quem de nós não precisa aprender a conviver com seus medos? A Bíblia nos aconselha em cada página: “Não temas, pois o Senhor está contigo”. O Salmo 22 é uma das mais populares canções de encorajamento: “Ainda que eu passe pelas sombras do vale da morte, não temerei, pois o Senhor está comigo”. Outra coisa muito diferente é o “temor de Deus”. Não é medo. É respeito. Devemos respeitar a Deus, mas também devemos respeito em outras situações. Quando você vai à praia e resolve nadar um pouco, coragem demais pode ser fatal. Meu pai sempre dizia que o mar exige respeito. Não precisamos ter medo do fogo… mas é melhor respeitar para não sair queimado.
Outra situação é essa que Pe. Pio indica em sua inspirada frase. Muitas vezes damos atenção demais ao que os outros pensam e falam sobre nós. Existem pessoas que ficam em pânico só de saber que estão na língua do povo. De fato, isso não é nada agradável. Porém, deveríamos temer, ou seja, respeitar, muito mais o julgamento de Deus. Não é porque o noss pecado permaneceu oculto que saímos ilesos da situação. Deus vê o que está oculto. Antes de fazer qualquer coisa, lembre que Deus está vendo. Ele enxerga os corações. Por isso seu juízo é perfeito. Outra coisa é o juízo das pessoas. Quanto preconceito, segundas intenções, espírito de revanche e vingança…
Não devemos temer os juízo imperfeitos da humanidade. Deus sim… este fará justiça!

Pe Joãozinho scj

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Como um jovem pode “tecer” a sua vida?!

Existem várias maneiras de tecer a vida. Podemos fazer uma dessas camisetas de serigrafia em série, ou mesmo colocar em uma máquina e deixar a produção seguir em frente sem sequer olhar. Vivemos neste mundo em que as pessoas pensam que as coisas do coração acontecem automaticamente.

Muitos jovens estão totalmente enganados. Quando abrirem os olhos será tarde demais. Estão vivendo a péssima filosofia do “deixa a vida me levar… vida leva eu”. Filosofia tão banal só podia ser cria de botequim! E muitos jovens vão sendo plalha levada pelo vento. Na hora da tempestade não resistirão pois sua casa está construída sobre a areia.

Vivemos um tempo em que as pessoas olham feio para quem fala de disciplina, ascese, limites. Parecem palavrões. Estamos no tempo do ficar, curtir, ir para a balada “como se não houvesse amanhã”. É claro que é preciso amar… mas existe um amanhã. É preciso viver a vida de modo consequente e responsável.

Alguns jovens já descobriram que esta lógica do consumo só acaba aumentando a produção de lixo e comendo o planeta em três gerações. Esse egoísmo histórico não será perdoado pelos nossos netos que verão a morte em massa pelo desequilíbrio climático.

Não ligue se chamam você de careta. Vale a pena tecer a vida como o paciente tricô ou crochê da velha e saudosa vó Isaura. A mulher rendeira tecia a bela toalha nó após nó. Mas o valor daquela obra de arte é infinitamente superior à toalha de plástico que se compra na esquina. Jovens de fibra são tecidos dia após dia na disciplina, ascese e paciência. Vale a pena. Este jovem terá muito mais valor, inclusive para o mercado de trabalho. A decisão é sua!!!

Pe Joãozinho scj

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Amigo não tem preço

Amigo não se compra na farmácia. Quando doi a dor da solidão… quando procuramos um ombro para chorar ou um par de ouvidos para escutar nossas alegrias e vitórias, precisamos de alguém que todo o dinheiro do mundo não pode comprar. Conheço pessoas muito ricas que dariam grande parte de sua fortuna para ter um amigo. Mas amigo não se compra, não se vende… amizade se constroi suportando juntos as dificuldades, chorando a lágrima do outro, guardando o segredo que ele nos revelou, elevando juntos o troféu da vitória, porque meu amigo venceu e, por isso, sou mais feliz.
Você poderia dizer: - Muito bonito, muito poético, mas onde encontrar um amigo assim?

Vivemos no mundo da desconfiança e das amizades interesseiras. Parece que tudo tem seu preço. Menos o amigo. Amizade verdadeira é de graça. Parece que a fartura até atrapalha um relacionamento profundo e sincero. Desconfie das amizades que dependem da festa… do carro… da bagunça… da piada… da bebida… da euforia… Os amigos quase sempre se encontram no sal que a vida às vezes nos apresenta. É preciso comer muito sal juntos para ser amigo de verdade.

Você novamente poderia dizer:- Então, acho que não tenho um verdadeiro amigo! Não diga isso. Você tem um grande amigo. Ele sofreu muito por você. Imagino que de vez em quando ele deixa escapar algumas lágrimas quando percebe que você caiu. Ele pensa o tempo todo em você. Uma vez disse que costuma escrever o seu nome em sua mão, pra lembrar sempre que você existe. É um amigo real, que quer lhe dar ternura, mansidão e carinho.

Existe mais gente por aí que precisa deste grande amigo. Na verdade, de uma ou de outra maneira, todos o estão procurando. Nesta busca tome cuidado com os comerciantes da amizade sagrada. Querem vender Deus. Montam suas barraquinhas nas praças e no Shopping Center. Dizem que Deus é uma energia difusa por aí. Cuidado! Eles podem dizer que você é Deus… que tem poderes infinitos em sua mente. Não entre nesta canoa furada desta febre misticoide. Amigo não se compra.

Amigo é de graça. Deus é amigo… é amor… é graça… só!

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Criança abortada tem alma?

O debate político em torno do aborto começa a esquentar e ganhar as esquinas e as praças. Na TV a bela modelo diz que é dona do próprio corpo e por isso é a favor do aborto. Algumas pseudo-católicas se lutam pelo “direito de decidir”. Que decisão cruel… matar um ser inocente.

Desde a longínqua filosofia grega que se debate esta questão. Muitos filósofos se perguntaram sobre o momento em que a alma entraria no corpo, tornando-o, então, humano. Neste momento o aborto seria, naturalmente, um crime hediondo.

A sociedade é severa em relação aos crimes praticados contra as crianças que se pode ver. Um exemplo é a pedofilia. Existe também um Estatuto da Criança e do Adolescente, que representa um avanço na defesa dos direitos da criança. Mas, como diz o ditado, o que os olhos não vêem, o coração não sente. As crianças no ventre materno correm o risco de serem vítimas da lei do aborto.

E a alma? A Igreja católica acredita que a alma existe desde o momento da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. É o milagre da vida, o big-bang que gerou cada um de nós. A célula primeira se reproduz em rítmo geométrico e vai dando forma à pessoa. Mas desde o primeiro instante já temos uma pessoa que para Deus tem nome, identidade e história. A pessoa que aborta, inconscientemente sabe disso. Por isso é tão difícil a cura emocional provocada pelo pecado do aborto.

Se você praticou este crime, saiba que um dia, no céu, esta criança estará na porta para te dar o primeiro abraço e as boas vindas. Ela te revelará o nome que você jamais lhe deu!!! Imagine esta cena antes de praticar o aborto. Criança aborta tem alma. É mais difícil ver a alma de quem pratica o aborto.

Como diz o povo da roça, é uma pessoa tão ruim, “desalmada”…

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A mística do humor

Estamos no terceiro milênio.
Parece que esta passagem de época representou uma oportunidade para fazermos a revisão da história. Nos últimos anos do milênio passado vivíamos um clima de fim de festa. Eram muitas as celebrações. Todos falavam no advento do novo milênio. Pois bem, o tão esperado século 21 chegou. E agora? O que fazemos com este tempo novo? Acordamos no dia seguinte e percebemos que os desafios e os problemas continuavam lá, no mesmo lugar. Muitos achavam que o mundo iria simplesmente acabar. Os profetas do apocalipse sempre gostam de datas cheias de “zero”. Mas nada aconteceu de tão espetacular. Parece que o céu não dá muita atenção aos nossos cálculos e números.
A vida não se resume em uma equação. O mundo está voltando das férias. Estamos nos primeiros dias de trabalho. E vai demorar muito para termos um novo jubileu, um novo século, um novo milênio. É hora de colocar a mão na massa.
Mas uma coisa é certa: voltamos da festa com a disposição de fazer a revisão de nossas vidas e de nossas instituições. O avanço das tecnologias de informação ajudam a colocar tudo às claras. Alguns, mais pessimistas, podem achar que o que estamos assistindo nos telejornais, ou acompanhando em tempo real pela internet é escandalosamente pior do que existia nos “bons tempos” do milênio passado. Acho que não.
Desde Adão e Eva, Caim e Abel que o mundo enfrenta problemas como a corrupção e o roubo, a injustiça e a violência, a crise de valores e o individualismo. Não somos melhores nem piores. Somos humanos. Devemos evitar este complexo exagerado de culpa. A melhor terapia é aproveitar as oportunidades do nosso tempo para mudar alguma coisa. O fato é que hoje a comunicação ficou muito mais facilitada do que nos tempos da pequena aldeia. Acompanhamos debates sobre os trangênicos ao vivo do plenário do senado ou da câmara.
Assistimos uma guerra louca deitados na cama. Podemos “teclar” com os quatro cantos do país ou do mundo pelos chats da internet. Mas o incrível é que a dilatação de todas estas possibilidades não representou um aumento da intimidade entre marido e mulher, pais e filhos. Ficamos mais irreverentes, mas também mais tímidos. Há filhos que não preocupam seus pais pois não voltam tarde. Ficam apenas no quarto. Um computador e alguns violentos joguinhos em rede são suficientes. Ainda não sabemos qual será o efeito de tudo isso. Estamos arriscando manipular a vida. Fizemos clones e brincamos de deus. Também ficamos presos nas enchentes loucas de São Paulo ou sofremos com um frio inexplicável, ou um calor fora de época. A natureza não perdoa nunca.
Nossa juventude tatuada é incompreensível para a geração dos pais. O menino viu o traficante matar a queima-roupa sua pobre mãe. Relatou tudo na TV com uma lucidez que assusta. Será que estamos com dificuldade de distinguir a vida real da ficção? O crime organizado envolve os poderes de maior prestígio. Como desconfiar do juiz? Nem o prefeito, nem o padre, nem o delegado escapam mais. Todos temos que provar a todo momento nossa inocência. A informação manipulada sem escrúpulos transforma até inocentes em monstros horrorosos.
Você deve estar pensando: sei de tudo isso. Vivo este drama em minha casa, no meu trabalho, quando pego o ônibus, quando vou ao supermercado, quando vejo televisão. Mas qual seria a solução? Somos reféns de toda esta situação? Vamos eternamente ficar apontando os erros? Temos razões para esperar contra toda esperança? Os maus gritam mais forte. Temos que ouvir diariamente o relato dos criminosos nos jornais? Temos mesmo que almoçar com medo de estar comendo algum veneno? Temos como participar do debate. E a Igreja Católica… tem alguma resposta para tudo isso? Existe alguma força que possa animar os que querem cuidar das águas, ser amigos dos animais, defender os pobres, lutar pela escola e pelo leite das crianças, rezar, participar de um retiro, construir família, abraçar os amigos, ir à Igreja, tomar café e contar anedotas, dar um pouco do tempo como voluntário, conversar sobre política, torcer pelo seu time e ir dormir indignado com aquela derrota, tomar sorvete, cultivar um hobby, plantar alguns pés de alface naquele canteiro pequeno nos fundos de sua casa.. ter uma casa, celebrar a festa da vida com um sorriso nos lábios??? Ser normal!
Precisamos desenvolver esta espiritualidade do cotidiano. Já não basta a mística do amor. Precisamos da mística do humor. Ando conversando com pessoas que já ultrapassaram os 80 anos de vida e estou chegando à conclusão de que o segredo da longevidade não está nos medicamentos ou na alimentação. São cuidados necessários, sem dúvida. Mas muitos cuidadosos morreram cedo.
Aquele padre de 90 anos, que ainda celebra missa mesmo estando totalmente cego, sabe rir de si mesmo e até de seus limites. Desafia a morte com bom humor. Encontra sentido para a vida. Precisamos recuperar esta arte de brincar. Brincadeira é coisa muito séria. Acho que era isso que Jesus queria nos dizer quando mandou que todos fossem como as crianças para entrar no reino. Sim… precisamos reaprender a brincar em nossas celebrações, como filhos na presença do Pai. O humor dever reorientar nossa oração, nossos encontros de família, nosso jeito de trabalhar. Brincar é um respiro para a alma.
Quem brinca sabe que o louvor, o elogio, é uma terapia de libertação. Para viver esta mística do lúdico é preciso ser “cheio de graça”, como Maria. Graça no sentido de fazer as coisas com certa gratuidade, sem deixar-se mover unicamente pelo interesse. E graça também no sentido de engraçado. As manchetes dos jornais já são sérias demais. O engraçado é que os pobres, que teriam mil razões para chorar, continuam bem-aventurados com a graça da festa e do sorriso. A santidade está aí… e passa pelo sorrir! Temos uma certeza: Deus está conosco… e brinca também!

Pe Joãozinho scj

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O que pensar das Imagens?

Uma amiga me perguntou de supetão: - “Podemos mesmo ter imagens em nossa igrejas?” Perguntei o por quê da pergunta. Ela disse que uma evangélica teria argumentado que os católicos estão errados pois a Bíblia diz claramente no livro do Deuteronônio, capítulo 4, versículo 16-18 que não dedemos “fabricar uma imagem que represente o que quer que for”. No Êxodo 20,4-5 diz ainda de modo mais forte “não farás para ti escultura nenhuma”. Comecei a questionar. Mas como se no mesmo livro do Exodo 25,18 o próprio Deus manda fabricar dois querubins de ouro para colocar ao lado da Arca da Aliança onde dentro estavam as Tábuas da lei? E no livro de Números 21,9 Moisés obedece a ordem de Deus de fabricar uma serpente de bronze e colocá-la em uma aste para que o povo ao contemplá-la fosse curado. Será que nosso Deus é contraditório. Podemos ou não podemos fabricar imagens? Claro que sim. O que não podemos é confundir a imagem com Deus, ou seja praticar a idolatria.
Hoje vivemos na civilização da imagem. Os próprios evangélicos fabricam milhões de imagens na TV e na Internet. Qualquer site evangélico é repleto de fotografias. Um radical fundamentalista jamais teria uma máquina fotográfica digital. Isto é ridículo.
A imagem no cristianismo surgiu nos tempos em que a maioria dos cristãos eram analfabetos e a imagem ajudava na catequese. Representavam-se cenas da Bíblia para ajudar a entender a mensagem. Os vitrais das catedrais e as pinturas no teto tinham esta finalidade.
Uma outra questão é se devemos atribuir algum significado divino à imagem. Isto é claro que não. Somente respeitamos uma imagem de Maria, como respeitamos uma fotografia da própria mãe. Mas não sou ignorante a ponto de pensar que a imagem é Maria, um anjo ou santo, ou mesmo o proprio Filho de Deus.
No Antigo Testamento esta proibição tinha ainda o sentido de preservar a transcendência de Javé. Pelo mesmo motivo os judeus nem se atreviam a pronunciar seu nome. Hoje proclamamos que Jesus é o Senhor. Ele é a imagem viva de Deus vivo. Nós queremos ser imagens de sua imagem. Cada um de nós deve transmitir Jesus no olhar. Precisamos sem imagens na fé, da esperança e do amor.
Deixe-me dizer mais uma coisa. A verdadeira idolatria de hoje passa longe de imagens de barro. Os ídolos são de papel… papel moeda. Senhor pastor, preocupe-se com esta idolatria do dinheiro, que das imagens de nossas igrejas, cuidamos nós!

Pe Joãozinho scj

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Fãs ou discípulos de Jesus?

A primeira fase do ministério de Jesus, na Galiléia, foi um sucesso. Logo que espulsou aquele demônio, na Sinagoga de Cafarnaum, sua fama se espalhou por toda a região. São lugares muito próximos onde Jesus fez o sermão das bem-aventuranças, multiplicou pão, promoveu uma pesca milagrosa, chamou os apóstolos, fez curas, sinais e prodígios. Ele tinha muita fama e muitos fãs.
Mas sua mensagem e missão não se resumiam em resolver os problemas do “aqui e agora”. Logo ele percebeu que o Reino de Deus não poderia ser instaurado com admiradores. O fã, no fundo, é um fanático! Eles não queriam um Messias divino. Queriam apenas um ídolo humano que resolvesse os problemas econômicos, sociais e políticos daquela região. Jesus tinha uma missão maior que incluia a cruz, o amor, a doação, a salvação do mundo inteiro. Para isso ele não escolheu fãs, escolheu seguidores, discípulos.
Quando suas palavras começaram a falar de cruz ao invés de luz, de pão da vida, ao invés de pão da terra, os fãs foram embora. Ele reuniu seu grupo mais íntimo de amigos, os discípulos, e disse: vocês também querem ir embora? Pedro tomou a palavra e disse: “A quem iríamos nós, se só tu tens palavras de vida eterna?” Acertou em cheio. O verdadeiro discípulo é aquele que vê para além do horizonte: as palavras de vida eterna que Jesus veio trazer. Onde estavam os fãs na hora da cruz? Eles desaparecem depois do show. Querem apenas e tão somente consumir seus ídolos.
Hoje, infelizmente, tem muito fã de padre, de bandas católicas e até de Jesus. São um pouco violentes. Exigem um milagre, um sucesso. São egoístas. Não são discípulos. São agressivos. Preferem um show a uma missa, um autógrafo a uma confissão. Não chegarão ao pé da cruz. Fã pára no caminho, arranha seu ídolo, grita histericamente, transforma religião em espetáculo ou em entretenimento. Fã é violento. Discípulo é sereno. Fã não perdoa, discípulo sim. O fã ouve seu mestre, mas não o escuta. Ele parece hipnotizado por seu ídolo. Fã só pode ser fã se não pensar. Se começar a raciocinar já caminha na direção do discipulado, ou vai embora, frustrado. Se você é fã de um padre, cuidado! Jesus não precisa de fãs, precisa de seguidores!

Pe. Joãozinho, scj

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Nosso senado morreu?

Desde a antiga Roma que os senadores deveriam ser velhos e sábios cidadão que debatem com serenidade e experiência os temas mais relevantes da nação. Hoje (12 setembro 2007) não foi assim. Escondidinhos e amedrontados por um Brasil atento os senadores tiveram coragem de perpetuar por mais aluns meses o marasmo de um debate qe já se torna odioso e tranca a pauta das votações que realmente interessam.
Não é preciso ser muito inteligente para perceber que o decoro parlamenar foi quebrado em mais de um item. Outros processos estão na fila. Tudo dependerá da reação popular. Alguns senadores contam com a memória curta do nosso povo. Mas ultimamente até que o povo e a imprensa estão ficando mais atentos… Vejamos!!!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Síndrome da dispersão

Encontro muitas pessoas que me perguntam: - “E aí, padre, correndo muito?” no começo eu sentia a obrigação de fazer um relatório completo das mil e uma atividades que roubavam preciosas horas de sono e ocupavam minha escrivaninha com montes e montes de pastas, cheias de papéis a considerar e de agendas que eu deveria cumprir. Aos poucos fui percebendo que a sociedade moderna está doente da “Síndrome da Dispersão”. Sim. Já virou doença. O estresse e a depressão serão apenas sintomas desta causa mais profunda. Há uma ansiedade instalada em nós que exige mil reuniões, demoradas palestras, filas intermináveis. Até o que seria um momento de lazer se torna estressante naquele trânsito parado na descida ou subida da serra, ou na padaria que não dá conta dos clientes de final de semana, ou na corrida por aquele pequeno lugar daquela disputada praia.

Estamos doentes. As Igrejas multiplicam pastorais e movimentos em que necessariamente os cristãos devem estar engajados. Tudo bem. Mas acontece que muitos pertencem a duas, três e até quatro pastorais e simplesmente vivem a semana toda na Igreja, muito mais do que em suas próprias famílias. Padres resolvem ser políticos e médicos resolvem ser gurus, psicólogos quem ser sacerdotes e políticos imaginam ser “deus”. Todos sentem a obrigação de saber quase nada sobre quase tudo. A superficialidade é filha primogênita da dispersão. Fazemos um amontoado de coisas sem qualidade. Somos obrigados a atingir metas de qualidade total… ou seria de quantidade total?! Neste caminho a modernidade enlouquecerá.

Vamos acelerando o carro e quando percebemos já passamos, e muito, da velocidade máxima permitida. Voltar para os 100, 110, ou 120, pode ser frustrante para aquele que está contaminado pela Síndrome da Dispersão. Parar, então, é simplesmente uma tortura. A ausência da adrenalina pode provocar até mesmo doenças físicas. Pasme: estamos viciados em trabalho, perigo e violência. O refrão desta tragédia é sempre o mesmo: não tenho tempo, não tenho tempo, não tenho tempo. Esta é a cantilena que escutam filhos carentes, namoradas com saudade, esposas e maridos, aquela vovó que espera ansiosa a visita de seus filhos que nunca podem aparecer porque estão em algum evento da “igreja”. Sei que estou sendo radical. Mas também sei que apenas uma surra da vida costuma tornar possível a cura da síndrome da dispersão. Existem os que ficam realmente doentes e procuram um médico. O problema é que muitos profissionais da saúde têm a mesma doença e resolvem seu próprio problema receitando irresponsavelmente uma quantidade enorme de medicamentos que irão tapar o sol com a peneira. É o milagre instantâneo provocado por medicações recentes. Mas sabemos que administrar responsavelmente esta medicação exige criar condições para que o paciente mude suas condições de vida. O terapeuta também deverá ser “paciente”.

Refleti muito sobre a raiz mais profunda da Síndrome da Dispersão e percebi que é mesmo aquele desejo humano relatado já nas primeiras páginas da Bíblia e que originou os outros pecados: “Vós sereis Deuses”. Deixe Deus ser Deus. Somos apenas humanos; feitos de terra e um sopro; frágeis. Os sábios não sabem tudo; não fazem tudo; mas saboreiam aquilo que fazem. Sabedoria é saber com sabor. Faça poucas coisas… mas as faça bem.

Santa Terezinha do Menino Jesus, rogai por nós!

Pe. Joãozinho scj

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Crime contra a civilização

Imagine a cena futurista. Ano de 2101. A mãe observa alguns objetos na ala de antiguidades de algum museu brasileiro. O filho pequeno observa, curioso, uma torneira. Sim! Uma destas torneira que todos os dias abrimos de manhã, às 10h, ao meio-dia, 15h, 17h, 20h, e antes de dormir. Esta que esquecemos pingando. Aquela torneira generosa que jamais negou água à nossa geração. O menino não consegue entender a utilidade daquele objeto tão estranho. Pergunta para quê utilizavam aquilo “antigamente”. A mãe não sabe explicar direito, mas ouviu dizer que no “século passado” todas as casas tinham água encanada. O líquido mais precioso jorrava da terra e corria nos rios. A mãe explica que já faz alguns anos que a crise da água e o aquecimento da terra provocaram a morte de muitas civilizações. O menino fica sem entender e pergunta: - Mãe, nas pirâmides existiam torneiras?

Será que vamos esperam que esta cena se torne realidade, sem fazer absolutamente nada? Quantos bispos terão que fazer greve de fome para tomarmos consciência que os ataques contra a natureza, na verdade são crimes contra a civilização. Muitos tiranos foram condenados à morte por este motivo: crime humanitário. Este é o veredito que foi dado para a pena de morte de Saddam Husseim. E quem mata a terra por meio do aumento da emissão de gás carbônico na atmosfera… quem se nega a assinar protocolos ecológicos com o argumento de que o desenvolvimento não deixa??? Não é um crime contra a humanidade?

Os cientistas começam a fazer os cálculos fúnebres de quantos anos ainda temos de vida sobre nosso pequeno planeta azul. Alguns dizem que em cinco anos a pedra do fim estará rolando morro abaixo. Outros, mais pessimistas, afirmam que já estamos próximos do fim e que não existe mais remédio. Comemos a obra da Criação e não deixamos nada para os que vêm depois.
Não gosto de profecias de mau agouro. Normalmente são exageradas. Mas agora podemos sentir na pele. Não é apenas sensacionalismo de domingo a noite em algum programa de TV. Jamais a história viu um janeiro tão quente. E será cada vez mais. As calotas polares já começaram a derreter. O povo acostumado ao litoral começa a perceber o avanço das águas. Dizem que só quando a água chega na cintura é que aprendemos a nadar. Em pouco anos a água doce que faltará em nossas torneiras inundará nossas cidades ribeirinhas. Será que vamos esperar este momento para dizer: Ah, se tivéssemos ouvido os profetas. Agora não tem mais jeito.

Precisamos mudar o nosso paradigma de consumidores inveterados. Nossa civilização do consumo está esclerosada. Precisamos admitir que o “iluminado” projeto da modernidade não deu certo e está esclerosado. É preciso iniciar um novo tempo em que a simplicidade de vida e a generosidade com a terra, a água e o ar sejam ensinados na escola. Ecologia é uma exigência da santidade no terceiro milênio. Ou logo todos faremos parte de um novo MST, mas desta vez ricos e pobres estarão no mesmo acampamento, pois todos seremos igualmente vítimas do flagelo. Todos seremos “sem Terra”. São Francisco de Assis. Rogai por nós.

Pe. Joãozinho, scj - blog.cancaonova.com/padrejoaozinho