quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Novo CD de pe. Joãozinho: "Ecce Venio - Sacerdote para sempre"


"O povo será amigo do padre e da Igreja quando o padre se tornar amigo do povo". (Pe. João Leão Dehon)


Inspirado no grande lema da vida do francês João Leão Dehon, fundador da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, Padre Joãozinho, quinze anos de sacerdócio, lança o 11º CD por Paulinas-Comep: Ecce Venio - Sacerdote para sempre. Mais uma vez, deixa explícito o lema que permanece inspirando todos os que, como ele, Pe. Anísio José e Pe Zezinho, participam da Família Dehoniana: Ecce Venio (em latim, 'eis-me aqui').
"Se você prestar bem atenção, nossos livros e canções têm esta marca registrada: somos padres do coração", avisa. "Faz algum tempo que este fogo queimava novas canções em meu interior", diz, apresentando o trabalho, também um resgate dos quinze anos dedicados à vida sacerdotal e à comunicação.

As canções são permeadas por citações bíblicas, com um pouco da história de dedicação, obediência, entrega e dilemas, que começou a ser escrita no despertar da vocação. Um bom exemplo entre as dez canções e dois mantras (em latim) deste CD, é "Prece do amor", composta quando tinha 15 anos e estudava em um seminário em Curitiba. "Foi meu jeito adolescente de fazer uma declaração de amor a Deus".
As inspirações continuaram aflorando ao longo da sua vida - em retiros, palestras, aulas, encontros... "Sacerdote para sempre", por exemplo, "é um resumo musical de minhas palestras. Nasceu em dezembro de 2006 durante um retiro de preparação para ordenação sacerdotal de alguns jovens, hoje espalhados pelo mundo afora".
Outro destaque, "Amigos mil", composição do Pe. Zezinho, é uma homenagem ao grande amigo que sempre o acompanhou. "Cada palavra dessa canção esconde um tesouro de verdade. Escute em silêncio... com o coração no colo de Deus, nosso maior amigo", sugere Pe. Joãozinho.

O CD começa e termina com a mesma melodia dos mantras, Ecce Venio, e, para finalizar, "Ecce Ancilia", o 'eis-me aqui' de Maria, ambos dos padres Joãozinho e Anísio José. "É muito mais do que o 'Eis-me aqui', é a marcante disponibilidade de Cristo que em tudo cumpriu a vontade do Pai. Para o Pe. Joãozinho, os mantras trazem uma proposta de harmonia e paz interior para quem os escuta. "Hoje, existe tanta música que nos desintegra, gera um caos dentro de nós. Espero que minhas canções tragam paz e harmonia interior".
Destaques, ainda, para "Eis-me aqui", tradução de "Eccomi", uma das músicas mais populares nas missas da Itália, escrita pelo jovem sacerdote Marco Frisina, maestro, músico e cantor, regente do coral do Vaticano.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O que significa ser “CATÓLICO”?

Um jovem me fez esta pergunta. Disse que há algum tempo está em crise de fé e tem buscado a solução em igrejas evangélicas. Em uma delas, ao confessar-se católico, ouviu dizer que a palavra “católico” nem sequer está na Bíblia. Ficou com esta dúvida intrigante. Queria uma resposta pois já estava começando a pensar que seus amigos tinham razão e que seria melhor mesmo mudar de igreja.

Pedi que ele abrisse a sua Bíblia no Evangelho de Mateus, capítulo 28, versículos 18b-20. Utilizarei aqui a tradução mais popular nas bíblias evangélicas (Almeida, corrigida e fiel):

“É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.”
Você percebeu que fiz questão de colocar em negrito uma palavrinha que aparece de modo insistente no texto: TODO. Jesus tem todo o poder; devemos anuncia-lo a todos os povos, guardar todo o seu ensinamento na certeza de que estará todos os dias conosco. Esta ordem de Jesus foi levada muito a sério pelos discípulos. Em grego a expressão “de acordo com o todo”, pode ser traduzida por “Kat-holon”. Daí vem a palavra “católico” (em grego seria: Καθολικός). Ao longo do primeiro e segundo séculos os seguidores de Jesus Cristo começaram a ser reconhecidos como “cristãos” e “católicos”. As duas palavras eram utilizadas indistintamente.

Ser católico já significava “ser plenamente cristão”. O catolicismo, portanto, é o cristianismo na sua “totalidade”. É a forma mais completa de obedecer o mandato do Mestre antes de sua volta para o Pai. O mesmo mandado pode ser lido no Evangelho de Marcos 16,15: “Ide e pregai o evangelho a toda criatura”. Há, portanto, uma catolicidade vertical, que é ter o Cristo todo, ou seja ser discípulo; e uma catolicidade horizontal, que é levar o Cristo a todos, ou seja, ser missionário. Isso é ser católico: totalmente discípulo, totalmente missionário, totalmente cristão!

Ao que tudo indica o termo “católico” se tornou mais popular a partir de Santo Inácio de Antioquia (discípulo de São João), pelo ano 110 dC. Pode significa tanto a “universalidade” da Igreja como a sua “autenticidade”. Quase na mesma época São Policarpo utilizava o termo “católico” também nestes dois sentidos. Santo Agostinho utilizou o termo “católico” mais de 240 vezes em seus escritos, entre 388-420. São Cirilo de Jerusalém (315-386), bispo e doutor da Igreja, dizia: “A Igreja é católica porque está espalhada por todo o mundo; ensina em plenitude toda a doutrina que a humanidade deve conhecer; conduz toda a humanidade à obediência religiosa; é a cura universal para o pecado e possui todas as virtudes” (Catechesis 18:23). Veja que já está bem claro os dois sentidos de “Católico” como “universal e ortodoxo”. Durante mil anos os dois significados estiveram unidos. Mas por volta do ano 1000 aconteceu um grande cisma que dividiu a igreja em “ocidental e oriental”. A Igreja do ocidente continuou a ser denominada “Católica” e a Igreja do oriente adotou o adjetivo de “Ortodoxa”. Na raiz as duas palavras remetem ao significado original de Igreja “autêntica”.

Santo Tomás de Aquino (1225-1274), grande teólogo ocidental, desenvolveu uma teologia da catolicidade. A Igreja seria “universal” em três sentidos: a) Está em todos os lugares (cf. Rm 1,8) e pode ser militante na Terra, padecente no purgatório e triunfante no céu; b) Inclui pessoas dos três estados de vida (Gal 3,28): leigos, religiosos e ministros ordenados; c) Não tem limite de tempo desde Abel até a consumação dos tempos.

A Igreja católica reconhece que cristãos de outras igrejas pode ter o batismo válido e possuir sementes da verdade em sua fé. Porém, sabe que apenas a Igreja católica conserva e ensina sem corrupção TODA a doutrina apostólica e possui TODOS os meios de salvação.

Devemos viver e promover a sensibilidade ecumênica promovendo a fraternidade com os irmãos que pensam ou vivem a fé cristã de um modo diferente. Mas isso não significa abrir mão de nossa catolicidade. Quando celebramos a Eucaristia seguimos à risca o mandato do Mestre que disse: “Fazei isso em memória de mim!” A falta da Eucaristia deixa uma grande lacuna em algumas Igrejas. Um pastor evangélico, certa vez, me disse que gostaria de rezar a ave-maria, mas por ser evangélico não conseguia. Perguntei por quê? Ele disse que se sentia incomodado toda vez que lia o Magnificat em que Maria proclama: “Todas as gerações me chamarão de bendita” (Lc 1,48)… e se questionava o por quê sua geração tão evangélica não faz parte desta geração que proclama bem-aventurada a Mãe do Salvador!

Realmente, ser católico é ser totalmente cristão!

pe. Joãozinho, scj