Imagine a cena futurista. Ano de 2101. A mãe observa alguns objetos na ala de antiguidades de algum museu brasileiro. O filho pequeno observa, curioso, uma torneira. Sim! Uma destas torneira que todos os dias abrimos de manhã, às 10h, ao meio-dia, 15h, 17h, 20h, e antes de dormir. Esta que esquecemos pingando. Aquela torneira generosa que jamais negou água à nossa geração. O menino não consegue entender a utilidade daquele objeto tão estranho. Pergunta para quê utilizavam aquilo “antigamente”. A mãe não sabe explicar direito, mas ouviu dizer que no “século passado” todas as casas tinham água encanada. O líquido mais precioso jorrava da terra e corria nos rios. A mãe explica que já faz alguns anos que a crise da água e o aquecimento da terra provocaram a morte de muitas civilizações. O menino fica sem entender e pergunta: - Mãe, nas pirâmides existiam torneiras?
Será que vamos esperam que esta cena se torne realidade, sem fazer absolutamente nada? Quantos bispos terão que fazer greve de fome para tomarmos consciência que os ataques contra a natureza, na verdade são crimes contra a civilização. Muitos tiranos foram condenados à morte por este motivo: crime humanitário. Este é o veredito que foi dado para a pena de morte de Saddam Husseim. E quem mata a terra por meio do aumento da emissão de gás carbônico na atmosfera… quem se nega a assinar protocolos ecológicos com o argumento de que o desenvolvimento não deixa??? Não é um crime contra a humanidade?
Os cientistas começam a fazer os cálculos fúnebres de quantos anos ainda temos de vida sobre nosso pequeno planeta azul. Alguns dizem que em cinco anos a pedra do fim estará rolando morro abaixo. Outros, mais pessimistas, afirmam que já estamos próximos do fim e que não existe mais remédio. Comemos a obra da Criação e não deixamos nada para os que vêm depois.
Não gosto de profecias de mau agouro. Normalmente são exageradas. Mas agora podemos sentir na pele. Não é apenas sensacionalismo de domingo a noite em algum programa de TV. Jamais a história viu um janeiro tão quente. E será cada vez mais. As calotas polares já começaram a derreter. O povo acostumado ao litoral começa a perceber o avanço das águas. Dizem que só quando a água chega na cintura é que aprendemos a nadar. Em pouco anos a água doce que faltará em nossas torneiras inundará nossas cidades ribeirinhas. Será que vamos esperar este momento para dizer: Ah, se tivéssemos ouvido os profetas. Agora não tem mais jeito.
Precisamos mudar o nosso paradigma de consumidores inveterados. Nossa civilização do consumo está esclerosada. Precisamos admitir que o “iluminado” projeto da modernidade não deu certo e está esclerosado. É preciso iniciar um novo tempo em que a simplicidade de vida e a generosidade com a terra, a água e o ar sejam ensinados na escola. Ecologia é uma exigência da santidade no terceiro milênio. Ou logo todos faremos parte de um novo MST, mas desta vez ricos e pobres estarão no mesmo acampamento, pois todos seremos igualmente vítimas do flagelo. Todos seremos “sem Terra”. São Francisco de Assis. Rogai por nós.
Pe. Joãozinho, scj - blog.cancaonova.com/padrejoaozinho
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
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