A primeira fase do ministério de Jesus, na Galiléia, foi um sucesso. Logo que espulsou aquele demônio, na Sinagoga de Cafarnaum, sua fama se espalhou por toda a região. São lugares muito próximos onde Jesus fez o sermão das bem-aventuranças, multiplicou pão, promoveu uma pesca milagrosa, chamou os apóstolos, fez curas, sinais e prodígios. Ele tinha muita fama e muitos fãs.
Mas sua mensagem e missão não se resumiam em resolver os problemas do “aqui e agora”. Logo ele percebeu que o Reino de Deus não poderia ser instaurado com admiradores. O fã, no fundo, é um fanático! Eles não queriam um Messias divino. Queriam apenas um ídolo humano que resolvesse os problemas econômicos, sociais e políticos daquela região. Jesus tinha uma missão maior que incluia a cruz, o amor, a doação, a salvação do mundo inteiro. Para isso ele não escolheu fãs, escolheu seguidores, discípulos.
Quando suas palavras começaram a falar de cruz ao invés de luz, de pão da vida, ao invés de pão da terra, os fãs foram embora. Ele reuniu seu grupo mais íntimo de amigos, os discípulos, e disse: vocês também querem ir embora? Pedro tomou a palavra e disse: “A quem iríamos nós, se só tu tens palavras de vida eterna?” Acertou em cheio. O verdadeiro discípulo é aquele que vê para além do horizonte: as palavras de vida eterna que Jesus veio trazer. Onde estavam os fãs na hora da cruz? Eles desaparecem depois do show. Querem apenas e tão somente consumir seus ídolos.
Hoje, infelizmente, tem muito fã de padre, de bandas católicas e até de Jesus. São um pouco violentes. Exigem um milagre, um sucesso. São egoístas. Não são discípulos. São agressivos. Preferem um show a uma missa, um autógrafo a uma confissão. Não chegarão ao pé da cruz. Fã pára no caminho, arranha seu ídolo, grita histericamente, transforma religião em espetáculo ou em entretenimento. Fã é violento. Discípulo é sereno. Fã não perdoa, discípulo sim. O fã ouve seu mestre, mas não o escuta. Ele parece hipnotizado por seu ídolo. Fã só pode ser fã se não pensar. Se começar a raciocinar já caminha na direção do discipulado, ou vai embora, frustrado. Se você é fã de um padre, cuidado! Jesus não precisa de fãs, precisa de seguidores!
Pe. Joãozinho, scj
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
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Um comentário:
Gostei muito da postagem. É realmente o que vejo...fãs ao invés de cristãos. A religião, muitas vezes é tratada como uma atividade divertida..como um rodeio ou coisa do tipo.
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