sábado, 23 de maio de 2009

É possível uma santidade homossexual?

cancaonova.com: Qual a diferença entre homossexualismo e homossexualidade?
Padre Joãozinho: É fundamental essa distinção, porque a homossexualidade é uma característica pessoal, da qual nós ainda não conhecemos bem todas as causas. Nem a psicologia nem a medicina a conhecem. Há muitos pesquisadores sérios que tentam entender se essa causa é comportamental ou de algum fator genético, inato, mas não existe nenhuma indicação científica quanto a isso. Homossexualidade é um sentir.
O homossexualismo, no entanto, é a prática da homossexualidade, ou seja, é ter atos genitais com pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade envolve o afeto; o homossexualismo envolve a sexualidade.
A Igreja Católica reconhece a possibilidade de um homossexual ser santo sem deixar de ser homossexual, mesmo porque só pode haver pecado quando há uma opção, quando há liberdade. Muitos homossexuais sentem atração por pessoas do mesmo sexo, mas não consentem nessa atração, por isso não pecam. Agora, o homossexualismo envolve não só o sentimento, mas também o consentimento. E além deste, há a prática de atos homossexuais. Então, a Igreja Católica reconhece a possibilidade de ser santo mesmo na condição homossexual. Mas ela não aceita a prática de atos genitais homossexuais, que seria o homossexualismo.


cancaonova.com: A homossexualidade é orientação ou desorientação sexual?
Padre Joãozinho: Num primeiro momento, a definição de homossexualidade foi muito controvertida na psicologia, falava-se até em desvio, neurose, doença, distúrbio e psicopatologia. Freud é um daqueles que definiram a homossexualidade dessa maneira.
No momento do “acordar da genitalidade”, o menino procura uma menina, ele quer ter uma namoradinha; a menina quer ter seu namoradinho, e até que [no futuro] formam uma família, casam-se e têm filhos. Isso seria o curso natural da diferenciação sexual, mas, segundo Freud, por diversos fatores, alguns acabam fixando-se na fase narcisista, não se diferenciam, e começam a sentir atração por pessoas do mesmo sexo.
Com relação à orientação, ela é uma palavra ambígua, que significa tudo e quase nada. Eu prefiro dizer que homossexualidade é um limite. Eu defino o homossexual não como aquele que sofre atração sexual por uma pessoa do mesmo sexo, mas que é incapaz de manter uma relação genital satisfatória com pessoas do sexo oposto. Essa definição contrária, inversa, vai se mostrar interessante para trabalhar a homossexualidade do ponto de vista terapêutico. Portanto, para mim, não é opção, orientação, nem distúrbio; nada. É um limite que precisa ser superado.


cancaonova.com: Há pessoas que se assumem como homossexuais, mas, na verdade, não o são?
Padre Joãozinho: Sim, há uma pseudo-homossexualidade. Eu denunciei isso no Portal Canção Nova, no artigo “A bênção da masculinidade”, chamando isso de “cultura gay”. Essa não é uma expressão minha, é uma expressão norte-americana.
Saiu um documento da Congregação para a Educação Católica, de 31 de agosto de 2005, que já foi aprovado pelo Papa Bento XVI, chamado “Critérios de discernimento com relação às pessoas com tendências sexuais em vista de sua admissão ao seminário e às ordens sacras”. Nele se colocam alguns critérios para aceitar, no seminário, alguém que tenha tendências homossexuais. Vou explicar alguns critérios:
– Tendências homossexuais profundamente enraizadas não são permitidas;– O padre é esposo da Igreja e esta é esposa de Cristo, portanto, uma heterossexualidade teológica é fundamental para a ordenação sacerdotal;– Capacidade de correta relação com homens e mulheres;– Aqueles que defendem uma cultura gay também não podem ser assumidos pela Igreja nem admitidos no seminário;– Aqueles que apresentam uma tendência transitória, que já foi superada há mais de 3 anos antes da ordenação, podem ser admitidos. É o caso de alguém que foi abusado sexualmente na infância ou submetido a algum tipo de clausura. É muito comum esse tipo de homossexualidade em seminários, em que o menino é um pseudo-homossexual, porque, como só há meninos naquele seminário, ele acaba projetando a imagem feminina num colega, tendo atos homossexuais que são transitórios.
Conheci, como formador, seminaristas que passaram por esse tipo de drama e depois acabaram saindo do seminário, casaram-se, tiveram filhos, apesar de terem tido atos homossexuais [antes]. Atendi muitos casos de pessoas que tiveram traumas de infância porque foram abusadas sexualmente e achavam que eram homossexuais. Esse trauma provoca uma homossexualidade que pode ser tranqüilamente tratada com terapias e superada.
Outros critérios importantes é que não basta ser padre, pois a ordenação não é um direito da pessoa, mas um chamado de Deus, e que é preciso discernir a idoneidade do candidato.
O documento diz também que aqueles que escondem a sua condição de homossexuais estão caindo num erro grave. Pode ser que, durante o tempo de formação, eles se controlem e ninguém descubra, mas ao se tornarem padres assumam a sua homossexualidade. Então, a Igreja adverte que isso é um erro grave.


cancaonova.com: A quem interessam esses enganos?
Padre Joãozinho: Hoje, a pseudo-homossexualidade é provocada, em grande parte, pela moda. Do meu ponto de vista, a homossexualidade feminina é a maior refém de uma cultura lésbica. Nos colégios, é impressionante como isso é divulgado, inclusive em livros aprovados pelo governo e em programas de televisão em que meninas se beijam na boca e têm afetos de conotação sexual clara, explícita. Na verdade, essa minoria sexual, que já nem sei se ainda é minoria, acaba aparecendo na mídia, inclusive nas novelas.
Muitos dos que estão com o microfone nas mãos são homossexuais e acabam passando uma imagem romantizada, bonita e até ideal disso. A coisa está se invertendo a tal modo que algumas meninas têm até de simular uma certa homossexualidade na roupa, no jeito, na postura e até ter uma ‘namoradinha’ para ser aceita socialmente. Isso é inversão total dos valores.


cancaonova.com: O que os pais devem fazer para que seus filhos não venham a viver a homossexualidade?
Padre Joãozinho: A primeira coisa que um pai precisa fazer é dialogar com seu filho e, uma vez que o filho se mostra homossexual, a rejeição dos pais aumenta a tendência homossexual. Os homossexuais que conseguem superar essa condição e acabam se casando e tornando-se pais de família e desempenham este papel de maneira satisfatória, são aqueles que foram aceitos e amados por seus pais.
Não adianta o pai rejeitar, punir, falar um monte de coisa. Na verdade, o diálogo e a transparência são o melhor a fazer. É muito comum que os pais descubram que o filho é homossexual quando a coisa já está bastante adiantada.
Também na questão da internet, os pais deveriam tomar uma atitude radical de tirar o computador dos quartos de seus filhos e colocá-lo na sala. Os computadores, em casa, deveriam ser mais públicos, porque grandes problemas de pseudo-homossexualidade estão relacionados a chats, MSNs, nos quais aquela menina, que nem é homossexual, simula uma homossexualidade. O rapaz também, dentro do quarto dele, muda de sexo todos os dias.


cancaonova.com: Como alguém que vive a homossexualidade pode voltar a ter uma vida normal?
Padre Joãozinho: Eu conheço homossexuais que vivem este drama como um espinho na carne, que vivem a sua santidade, na castidade, com muito sofrimento.
Um homossexual tem de pensar muito antes de assumir um casamento, porque pode fazer o outro sofrer muito.
Muitos homossexuais vivem um celibato voluntário, eles não estão interessados em casar. Isso, às vezes, é uma imposição da sociedade, de que os homossexuais formem um tipo de casal homossexual. É uma imposição cultural que tem como referência o matrimônio. Mas o homossexual tem de procurar um outro caminho de felicidade para viver a sua santidade e que também não seja, necessariamente, o sacerdócio.
Também não podemos vincular a homossexualidade à pedofilia. Há pesquisas no mundo que mostram que os pedófilos não são, necessariamente, homossexuais. Nos Estados Unidos, grande parte dos pedófilos, que já foram acusados, são heterossexuais.


cancaonova.com: Como é possível viver a santidade na homossexualidade?
Padre Joãozinho: Primeiro, é preciso não se deixar contagiar por essa cultura gay. Não assumir a sua homossexualidade como uma coisa boa. Este documento da Congregação para a Doutrina da Fé fala que um dos critérios para a santidade homossexual é assumir essa realidade não a aceitando como parte dele. O homossexual está homossexual, ele não é homossexual, no coração de Deus ele é heterossexual. Ele tem uma condição, um limite humano que nós não sabemos tratar ainda direito. É como alguém que nasce sem uma perna, ele não vai poder correr, mas pode fazer um monte de outras coisas. A homossexualidade é um limite a mais, mesmo que ele não queira e não consiga superar isso, existem muitos homossexuais no céu.
O fato de uma pessoa ser homossexual, não faz dela um pecado, ela não é um pecado. Inclusive, alguns comportamentos externos como o tom da voz, a delicadeza no agir, alguns trejeitos, são um peso ainda maior, embora nem todos os tenham, mas os que os têm, não conseguem se superar sem serem pessoas extremamente tristes e artificiais.
Nós temos de aceitar um homossexual na santidade até com esses trejeitos. O coração da Igreja está aberto a eles que, como tantas outras pessoas, têm limites e sofrem.


cancaonova.com: Tramita no Congresso um projeto de lei (PLC 122/2006) sobre “crimes de homofobia”. Um grupo deve ter lei específica para ser respeitado ou deve receber amparo da lei como todos os cidadãos?
Padre Joãozinho: Estou querendo entrar com outro projeto de lei no Congresso para punir “crimes de heterofobias”. Fala-se de feminismo como se fosse uma coisa bonita, mas se eu falar de machismo, aí eu sou punido. Fala-se de negritude, mas se eu falar de branquitude, eu vou ser punido, vou ser chamado de preconceituoso, racista.
Temos que tomar muito cuidado com o autoritarismo das minorias, porque para se defenderem, eles costumam “carregar nas cores”. Uma legislação como essa, de homofobia, representa a força organizada dos homossexuais. Basta ver as passeatas, nem todos lá são homossexuais, mas as famílias acham aquilo exótico, bonito e levam seus filhos para ver aquele pessoal. Eles são divertidos, são pessoas alegres. Acho muito estranho que alguns artistas, que nem são homossexuais, estejam nessas campanhas por esse tipo de lei que censura, sendo que eles, do outro lado, são uns contra-censura, mas querem censurar.

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