domingo, 27 de abril de 2008

O aborto e a violência doméstica

Acordo cedo nesta quarta-feira e vou para o momento de oração da comunidade. Após o café é hora de reorganizar a agenda. Ligo a TV e novamente escuto as mesma coisas sobre o caso da menina Isabella, que possivelmente teria sido mais uma vítima da violência doméstica. O caso tem movido as atenções do Brasil. É verdade que a mídia tem exagerado um pouco em um caso só. Especialistas afirmam que duas crianças são mortas por dia no Brasil dentro de suas próprias casas. Estes casos normalmente não ficam conhecidos nem mesmo pela vizinhança nas grandes cidades.
Mas gostaria de refletir sobre o caso Isabella em outra direção. É cuirioso assistir à fúria e indignação da população. As cenas são de julgamento imeditao. O culpado tem que ser achado, afinal a menina foi morta. Não podemos imaginar que um pai possa abrir uma rede de segurança e jogar sua própria filha do sexto andar, ainda com vida. Ainda que ela já estivesse morta é difícil imaginal um idéia tão louca.
Porém, ao mesmo tempo, corre em nosso legislativo uma insistente lei que aprova o aborto. É possível que muitos dos indignados com o caso Isabella sejam defensores ardorosos da morte de outras meninas sem nome que podem ser jogadas para fora do útero, rompida a rede de proteção. Quem apóia o aborto na verdade é tão vil quanto alguém que quisesse defender violentos castigos domésticos.
O aborto é uma forma de violência doméstica. Mas normalmente não tem sido visto assim. O que os olhos não vêm o coração não sente. Se víssemos o horror e a covardia de uma cena de aborto… se passasse na TV, certamente causaria uma comoção nacional. Há uma flagrante incoerêcia, não acha?

Pe Joãozinho scj

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Os sete “Pês” do Pai-Nosso

Neste final de semana, em Barretos, estive meditando sobre a “prece” mais conhecida e bela que alguém já rezou, o pai-nosso, a oração que Jesus nos ensinou. Percebi que muitos segredos de salvação estão contidos nesta prece e começam com a letra “P”. Não que isso seja muito importante ou que esconda grandes segredos. Mas pode ser uma forma “prática” de gravar algumas lições que o Mestre de Nazaré nos deixou. A primeira parte fala do “Pai”, que é nosso, e a segunda parte fala do “pão”, que também é nosso. Uma parte aponta para o “paraíso” e a outra para a “planície”, ou seja, para a nossa terra, ou se preferir, com “p”, nosso “planeta”. Contei sete “pês” na oração do pai-nosso. Certamente uma leitura atenta vai encontrar muito mais. Deixo isso para a sua criatividade. Veja os que encontrei.

1. PAI - “Pai nosso…” Ao rezar esta oração partimos da certeza de que Deus é mais do que uma personalidade famosa, importante e distante. Ele é “Pai”, mora conosco e gosta de nos pegar no colo.

2. PARAÍSO - “…que estais no céu” O paraíso pode parecer um lugar distante, mas na verdade habita dentro do nosso coração. Deus plantou em nós uma semente de esperança. Podemos e devemos esperar contra toda esperança. Buscamos as coisas do alto, do céu, do paraíso. Temos certeza de que caminhamos para uma dimensão eterna. Por isso somos felizes mesmo na dor e no sofrimento.

3. PRECE - “…santificado seja o vosso nome” Santificar o nome de Deus é louvá-lo com palavras e gestos. Somos gente que reza, que conversa com Deus. Ele é o nosso pastor e não nos deixa faltar nada. Jesus nos ensinou a rezar sempre. Pedimos, louvamos, adoramos, meditamos, conversamos com nosso Pai do Paraíso com a intimidade de filhos e filhas.

4. PREPARAR-SE “venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu” Não basta rezar. É preciso agir. Precisamos fazer a nossa parte e apressar o Reino do Amor, da justiça do perdão e da solidariedade. Deus fez o mundo em seis dias, descansou no sétimo e no oitavo nos deixou a tarefa de completar a obra da criação com nosso trabalho. Somos colaboradores de Deus nesta obra de cuidar da criação. Uma das formas de nos prepararmos é a “promoção” humana, principalmente para os “pobres”, “pequenos”, pecadores”, para todo o “povo de Deus”.

5. PÃO - “o pão nosso de cada dia nos dai hoje” Jesus inaugurou uma religião que não despreza a matéria. O Pai é nosso, mas o pão também é! Por isso lutamos para que ninguém tenha fome. Nosso Deus permanece conosco presente em uma migalha de pão, a Eucaristia. Valorizamos o corpo, a saúde, o lazer, a alimentação saudável, os exercícios físicos. Cuidar das coisas materiais é também uma forma de ser santo.

6. PERDÃO - “…perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido…” Uma as grandes lições que Jesus nos deixou é o perdão. Antes dele se falava de “olho por olho e dente por dente”. Isso gerava o círculo vicioso da vingança e da violência. Quem ama perdoa e quebra esta maldição. O perdão inaugura o círculo virtuoso da paz.

7. PAZ - “e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal” O último “pê” é a grande busca da humanidade em toda a sua história: a paz! Ela não é apenas ausência de guerras e conflitos. É presença de comunhão e solidariedade de todos com Deus, de cada um com seu próximo e também com a natureza. Hoje precisamos tanto fazer as pazes com as florestas e com os animais. A paz é até mesmo harmonia consigo mesmo. Precisamos de paz interior.


Se você tiver alguma sugestão para este artigo, fique a vontade e faça seu comentário, quem sabe não me empolgo e faço desta idéia tão simples um livro. Desde já, muito obrigado.

Pe Joãozinho scj